O que o professor tem que fazer para reconhecer seus limites? |
A auto-estima decorre, portanto de diferentes posturas pessoais, de fatores de personalidade, geneticamente determinados, da história de vida pessoal, de estilos e modelos culturais e educacionais adotados pelos indivíduos.
Daniel Goleman, em seu livro Inteligência Emocional, afirma que “... desde o nascimento a criança é calma e plácida, ou obstinada e difícil. A questão é se determinado conjunto emocional pode ser mudado pela experiência. Nossa biologia fixa nosso destino ou pode, mesmo uma criança inatamente tímida, tornar-se um adulto confiante?”.
Muitos conceitos se associam ao de Auto-estima como autoconfiança, auto-respeito, autoconsciência, assertividade. Estes conceitos são convencionados como características de pessoas com auto-estima adequada, enquanto as pessoas com auto-estima rebaixada são percebidas por se apresentarem com desânimo, pouca assertividade, passividade e desmotivação pela vida.
As aprendizagens por diferentes eventos, definem registros emocionais exercendo influências no temperamento de vida pessoal. A história de vida marcada por eventos negativos leva a pessoa a não acreditar em si e nos outros ao seu redor.
A forma como os pais, professores, cuidadores e educadores tratam a criança principalmente na primeira infância, pode contribuir para que o modelo de estima se reproduza no decorrer da vida, influenciando na consolidação dos traços de personalidade. O ambiente e o contexto em que os indivíduos se desenvolvem e formam o padrão de vida social, cultural educacional vão ser determinantes na qualidade dos relacionamentos nas diferentes esferas de ação e convívio.
Um aspecto fundamental no desenvolvimento da estima é que ela passa pela rede relacional familiar e da rede social, ou seja, a consciência que se tem de si nasce de uma relação de comunicação com o outro.
Surgem assim dois questionamentos que fundamentam a estima das pessoas: “Se sou confirmado, amado, protegido, tenho boa estima” e “Se sou rejeitado, desqualificado, humilhado, hostilizado tenho baixa auto-estima”.
A condição contextual, ambiental colabora para a existência ou não de violência, desrespeito, assédio moral, exclusão social, preconceitos e outros.
Diante da realidade dos diferentes contextos, depara-se com desafios a serem trabalhados, para intervir no processo de desenvolvimento de auto-estima, considerando a cultura, as competências e habilidades pessoais e fazer as pessoas descobrirem o auto-cuidado como também o auto-gerenciamento da vida.
No contexto da educação, a influência é marcante, especialmente nas situações de dificuldades em que os indivíduos são expostos na suas fragilidades, medos e ansiedades.
Os professores menos preparados e com certa fragilidade na estrutura emocional, se utilizam de modelos disciplinares ameaçadores e opressores para impor a liderança, percebendo apenas um aspecto do problemas, especialmente nos casos de limites inconsistentes e desrespeito as regras.
Professores e pais com baixa estima podem adotar posturas inadequadas e posturas punitivas e defensivas, gerando desmotivação.
Tanto para os pais quanto para os professores inspirar auto-estima adequada decorre de atitudes e posturas que valorizem as potencialidades e qualifiquem as competências do indivíduo.
Pais, professores, médicos, terapeutas, são pessoas também sujeitos a sofrerem os desafios do cotidiano como os demais seres humanos.
O que se pode fazer quando se defronta com a baixa estima especialmente na escola?
Professores ou profissionais das áreas de saúde e educação que tendem a lidar com a estima de forma inadequada, precisam tomar consciência reconhecendo atitudes e comportamentos inadequados em si em relações aos seus alunos e pessoas do seu convívio.
Para que o professor tenha a condição de reconhecer seus limites e suas potencialidades, desenvolvendo competências adequadas, a escola poderá promover o desenvolvimento de atividades e ambiente de trabalho estimulando a auto-estima, reconhecendo que cada indivíduo pode trazer marcas de sua história de vida que não favorecem a estima positiva.
Porém a maior parte deste processo de desenvolvimento está na responsabilidade de cada indivíduo, procurando buscar posturas, atitudes e comportamentos que colaborem para relações adequadas e mais felizes.
Leituras, grupos de desenvolvimento de auto-estima, oficinas, seminários, cursos curtos ajudam a consciência pessoal e podem conduzir a mudança da postura pessoal, a começar por si. A clareza das conseqüências de posturas que precisam de ajuda no desafio de lidar com as próprias dificuldades sem fazer do aluno, ou do filho o “depositário” as conseqüências de seus problemas, requer esforço pessoal e exercício emocional com ajuda e apoio no desenvolvimento da inteligência emocional.
É necessário que a escola adote métodos que contribuam para o desenvolvimento e o entendimento das dinâmicas comunicacionais dos professores, alunos e pais.
É essencial promover o reconhecimento dos pontos fracos de forma respeitosa e estimular as potencialidades e qualidades.
O professor precisa de apoio constante para o seu desenvolvimento pessoal, além de metodologia de ensino e segurança nos conteúdos que ensina.
É necessário que seja agente de transformação e promova mudanças positivas com autoconsciência de modo a ser modelo de vida consciente, ampliando a sua auto-aceitação, assumindo parcela de responsabilidade que lhe cabe nos fatos e relações, levando o aluno a reconhecer a sua parcela de colaboração.
“Compaixão e respeito não implicam falta de firmeza” (Branden)
Os ambientes educacionais que investirem no desenvolvimento da auto-estima poderão obter resultados mais eficazes com pessoas mais felizes e produções mais úteis para a construção de uma sociedade mais humana.
“Toda reviravolta educacional positiva começa com a auto-estima e auto-imagem. A estima é apoiada quando o aluno é estimulado a se sair bem... A auto-imagem talvez seja a coisa mais importante na determinação do fato de sermos ou não bons aprendizes, se seremos ou não bons em qualquer outra coisa.” (Dryden e Vos).
Psicóloga Vera Maria Carvalho (CRP 08/0779)
Psicóloga Vera Maria Carvalho (CRP 08/0779)
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